19/06/12

Água e Céu... amena distância...



http://www.youtube.com/watch?v=8EFMojiDY2k

Margaridas...



Mistério
Gosto de ti, ó chuva, nos beirados,

Dizendo coisas que ninguém entende!

Da tua cantilena se desprende

Um sonho de magia e de pecados.



Dos teus pálidos dedos delicados

Uma alada canção palpita e ascende,

Frases que a nossa boca não aprende,

Murmúrios por caminhos desolados.



Pelo meu rosto branco, sempre frio,

Fazes passar o lúgubre arrepio

Das sensações estranhas, dolorosas...



Talvez um dia entenda o teu mistério...

Quando inerte, na paz do cemitério,

O meu corpo matar a fome às rosas!



Florbela Espanca, Charneca em Flor (1930)



16/03/12

Sombra cintilante...













Antero de Quental
Noite, irmã da Razão e irmã da Morte,
Quantas vezes tenho eu interrogado
Teu verbo, teu oráculo sagrado,
Confidente e intérprete da Sorte!

Aonde são teus sóis, como coorte
De almas inquietas, que conduz o Fado?
E o homem por que vaga desolado
E em vão busca a certeza, que o conforte?

Mas, na pompa de imenso funeral,
Muda, a noite, sinistra e triunfal,
Passa volvendo as horas vagarosas...

É tudo, em torno a mim, dúvida e luto;
E, perdido num sonho imenso, escuto
O suspiro das cousas tenebrosas...

21/01/12

Sinopse...





O meu amor escondi-o
Numa cova ao pé do mar...
Morre o amor, vive a saudade...
Morre o Sol, olha o luar!...

By:
Guerra Junqueiro

18/09/11

Remember...

Tem as unhas de opala; o seu riso quebranta-nos;
Vibrante de coral, seus cílios são de seda;
Seu capitoso olhar é um vinho que embebeda;
Seus negros olhos são duas amoras negras!

Eugénio de Castro


13/06/11

Sinais dos tempos...



Silencioso...



"Nas grandes horas em que a insónia avulta
Como um novo universo doloroso,
E a mente é clara com um ser que insulta
O uso confuso com que o dia é ocioso"


Fernando Pessoa

06/06/11

Áve que...

Ao desconcerto do Mundo

Os bons vi sempre passar
No Mundo graves tormentos;
E pera mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tăo mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, só pera mim,
Anda o Mundo concertado.

Luís de Camőes



11/05/11

Testes de Aferição? Qual nexo?...

Tenho de falar...
Desculpem-me os Docentes que não se identifiquem.
Vários pontos:
*Como é possível uma pessoa ser avaliada pelo trabalho/TESTE de outrém?
*Como é possível alunos ocuparem aulas/semanas a rever a matéria para estes testes? Quando para a sua própria avaliação ocupam no máximo duas aulas.
*Como é possível estes testes aos professores denominarem-se; "testes de aflição"? Decerto um pseudónimo incutido por quem é avaliado.
* Como é possível um aluno saber tanto nestes testes e não saber nos que o avaliam a ele próprio?
*Será que tudo isto vai ao encontro da definição de "Teste de Aferição" no site da "GAVE" (Gabinete de Avalição Educacional)?
* Como é possível estes testes não serem surpresa?
* Sim mais uma vez: Como é possível estes teste não serem surpresa?

Assinado por um...
Nuno Rodrigues

23/04/11

Quando?...

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada...
Á parte isso, tenho em MIM todos os sonhos do MUNDO.

Fernando Pessoa

14/04/11

Em mim...


Magnificat...


Quando é que passará esta noite interna, o universo, E eu, a minha alma, terei o meu dia? Quando é que despertarei de estar acordado? Não sei. O sol brilha alto, Impossível de fitar. As estrelas pestanejam frio, Impossíveis de contar. O coração pulsa alheio, Impossível de escutar. Quando é que passará este drama sem teatro, Ou este teatro sem drama, E recolherei a casa? Onde? Como? Quando? Gato que me fitas com olhos de vida, que tens lá no fundo? É esse! É esse! Esse mandará como Josué parar o sol e eu acordarei; E então será dia. Sorri, dormindo, minha alma! Sorri, minha alma, será dia !


Álvaro de Campos, in "Poemas" Heterónimo de Fernando Pessoa




10/03/11

No coments...

MÚSICA... Que sei eu de mim?
Que sei eu de haver ser ou estar?
Música... sei só que sem fim
Quero saber só de sonhar...

Música... Bem no que faz mal
À alma entregar-se a nada...
Mas quero ser animal
Da insuficiência enganada

Música... Se eu pudesse ter,
Não o que penso ou desejo,
Mas o que não pude haver
E que até nem em sonhos vejo,

Se também eu pudesse fruir
Entre as algemas de aqui estar!
Não faz mal. Flui,
Para que eu deixe de pensar!

Fernando Pessoa